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Nossas Histórias – Muito além de movimento

No Nossas histórias, falamos sobre histórias inspiradoras de alunos que usam a arte como ferramenta para a transformação da vida, seja em momentos de dificuldade, em momentos de felicidade ou simplesmente para demonstrar uma paixão. E hoje vamos contar uma história que teve a mistura dos três.

 Rafael Aparecido, 20 anos, é aluno de Street Dance do programa Arte e Cultura Barueri há dois anos – e sempre presente em momentos importantes, como faz questão de ressaltar. Essa paixão começou quando ele tinha 11 anos de idade, em uma pracinha perto de casa, onde os jovens do bairro se reuniam em roda de hip hop, break e street: “ eu me interessei bastante por essa arte e corri atrás para que a cada dia que passasse eu soubesse mais sobre ela não só intelectualmente como praticando também”, comenta o aluno.

E o que começou com uma brincadeira e um hobbie foi ficando mais sério com o tempo. O jovem passou a fazer parte de dois grupos de dança, os Cybernetikos e Path of Dance, com os quais chegou a se apresentar em festivais , eventos, campeonatos, teatros , parques, bibliotecas e escolas e também em cidades como Rio de Janeiro e Florianópolis. “nessa época eu aprendi muita coisa, várias modalidades que eu não sabia” – diz Rafael – “e também tive a oportunidade de levar conhecimento por muitos lugares onde passei”, completa. 

No meio desse caminho de aprendizado, a vida interferiu na arte de Rafael quando sua mãe ficou doente e passou por uma cirurgia delicada que exigia cuidados especiais e a ajuda do filho. O jovem dançarino parou de dançar por um ano e acreditava que não iria voltar: “nesse tempo, na minha cabeça, achei que nunca mais voltaria a dançar e que seria o fim de tudo aquilo que sonhei pra mim”, relembra. Depois desse período difícil, era hora de retomar o interesse adormecido. E foi aí que as oficinas de Street Dance se tornaram parte da rotina do aluno – que acompanha as aulas até hoje. Segundo o dançarino, a oficina é importante porque o ajuda a não só exercitar melhor a parte física, como também praticar e contribuir com o aprendizado de outros alunos. 

Para o jovem – cujos estilos favoritos são o popping, style e break dance – o que a dança traz de mais legal para sua vida é a oportunidade de demonstrar sua personalidade : “na dança você pode se expressar e colocar todo aquele sentimento seu de dentro pra fora, ser você mesmo. Nela você mostra tudo o que sabe e sente… e eu amo isso”, reflete Rafael.

Durante a pandemia, como para todos os praticantes de dança, a rotina do aluno foi afetada, mas apesar de dificultar a oportunidade de fazer a parte física coletiva da modalidade, Rafael tem feito o possível para treinar em casa, e se manter atualizado através de exercícios e desafios que o professor Alan Alves manda. O professor, que chegou em 2020 no programa, se surpreendeu com as habilidades do aluno  “ele é um rapaz muito dedicado e apesar de o conhecer há pouco tempo já sou feliz de ser professor dele”, diz orgulhoso.  

A dança se tornou tão importante na vida do aluno que ganhou também um papel chave nos objetivos profissionais do jovem: ele sonha em fazer faculdade de dança, ser um dançarino  famoso e, quem sabe, professor da modalidade.

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Nossas Histórias – esforço por um sonho

 

Aqui no “Nossas Histórias” contamos histórias inspiradoras de alunos do Arte e Cultura Barueri, que deixaram a arte entrar nos seus corações e fazer parte das suas vidas. E hoje vamos contar a história da Maria Eduarda. Ela tem 13 anos e é aluna do Núcleo de Dança de Barueri desde 2019.

 

A história da Duda – como é carinhosamente conhecida – com a dança começa muito antes aos 7 anos, e com uma modalidade de dança muito diferente do ballet: o funk. A mãe, percebendo o interesse da filha pela arte incentivou a pequena, que começou a fazer ballet nas Fábricas de Cultura, em São Paulo onde moravam. Pouco tempo depois, era hora de entrar em uma academia para melhorar e se profissionalizar.

 

O sonho começou a ganhar forma quando a mãe ficou sabendo sobre um teste no Theatro Municipal. Inscrições feitas e oportunidade à vista. No dia, após um atraso de 15 minutos, Duda não pode se apresentar. Mas ali não seria o fim. Duda fez um curso preparatório de ballet e ao saber da oportunidade de um curso de férias com a Companhia Bolshoi, a jovem bailarina fez um grande esforço: “vendi doces na escola, fiz rifas e vendi trufas pelo bairro para participar do curso. Consegui todo dinheiro que precisava fiquei muito feliz, mas para minha tristeza, fui reprovada no teste”. 

Essa sequência de empecilhos virou combustível. Durante um ano, Duda fazia aulas de teatro de manhã, escola à tarde e aulas de pilates e ballet à noite. E depois de uma segunda reprovação, Duda encontrou a chance perfeita – o Núcleo de Dança de Barueri. “Eu não fazia ideia de como frequentaria o curso se eu passasse porque na época eu morava em São Miguel Paulista”, diz. Ao fazer os testes do Núcleo, Duda passou para o terceiro ano do curso, aos 12 anos. O Núcleo de Dança de Barueri é um programa de formação de bailarinos dentro do Arte e Cultura Barueri.

Morando longe, a rotina não era fácil. A jovem saía da escola às 11h30, mais cedo que os colegas, pegava o trem onde almoçava uma marmita preparada pela mãe. Em Barueri o avô de uma amiga a levava para o curso e a mãe de sua amiga, Helô, a levava de volta para a estação ao final do dia. Em 2020, percebendo a rotina exaustiva de Duda, Fabiana (mãe de Helô) a convidou para morar em sua casa. A resistência foi grande para que a filha fosse morar tão longe sendo tão nova. Mas levar os sonhos da filha a sério deu forças para os pais tomarem a decisão. “Sou grata a Deus,  minha mãe,  ao núcleo e a Fabiana por essa oportunidade”, completa ela.

Hoje a modalidade favorita dela é Ballet Clássico e seu maior sonho é entrar em uma companhia de dança e dançar em muitos palcos ainda. A vida que estava mais tranquila nesse ano, ao seu mudar para Barueri e mudar para uma escola da cidade, a pandemia colocou uma dificuldade que está sendo contornada pela paixão por dançar: “eu tenho praticado aulas online toda segunda e quinta. As aulas online ajudam  muito manter a disciplina, apesar de não ser a mesma coisa que estar com o professor pessoalmente”, finaliza. 

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Lu Campos – a arte que transborda pra vida

A gente já contou por aqui um pouco da experiência da Cia Gargarejo com o teatro, as formas de expressão da identidade étnico-racial no musical “Bertoleza” e a pandemia. Acontece que a conversa rendeu mais do que esperávamos e de uma forma especial, através da Lu Campos, a atriz que interpreta a personagem principal – com sua história de descobrimento de identidade e interpretação de uma personagem negra, mulher e com uma lição a ensinar. 

A história da Lu com os palcos não é a tradicional jornada de alguém que estudou teatro por anos para seguir um sonho. A artista é formada em comunicação e, em 2014, após o adoecimento da mãe, Lu passou por um processo de reestruturação da vida profissional, deixando empregos fixos para se dedicar melhor ao cuidado da mulher que Lu define como a “viga mestra” da casa, até que uma condição semelhante ao Alzheimer mudasse suas vidas. Nesse período, a convite de um amigo, Lu decidiu fazer um Workshop de teatro musical, em Campinas, onde morava, uma atividade que lhe deu a chance de entender melhor sua forma de expressão com a arte e usá-la como um processo terapêutico em um momento delicado da vida.

Peça: Deu a louca no convento – Teatro Castro Mendes em Campinas, 2017.

E como acontece na cadência de acontecimentos da vida, esse trabalho a levou a conhecer a preparadora vocal da Cia Gargarejo, Ju Manczyk, e enfim, fazer parte do grupo.

A história da Cia Gargarejo com Bertoleza começou em 2015, quando o diretor Anderson Claudir decidiu trazer a personagem de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, e convidou a artista a interpretar a personagem que dá nome ao espetáculo. Desde 2015, a peça foi trabalhada pelo grupo e os levou a várias apresentações importantes como Festival Satyrianas e o Festival de Cenas Curtas de Sumaré  – esse último em que Lu Campos ganhou como artista revelação. 

Com as experiências nas apresentações, Lu revela que ainda não tinha total consciência do que a peça significava: “eu ainda não tinha introjetado o protagonismo da personagem, eu já entendia que dizia respeito a uma parte de mim, mas não estava tão envolvida com as questões raciais e de negritude”, explica.

Em 2019, com a retomada da peça pela companhia – agora baseada em São Paulo – e seu processo pessoal de descoberta e identificação como uma mulher negra, Lu começou a perceber a relação da personagem com uma questão que ia além de sua experiência como artista, mas dizia respeito à ancestralidade, história e negritude. Foi durante esse ano que o diretor da peça, Anderson Claudir, fez a opção de remodular o espetáculo para falar de mulheres negras com um elenco majoritariamente formado por atores negros. 

Cena de musical “Bertoleza” realizado pela Cia Gargarejo em 2020

Nesse processo, Lu passou a se apropriar mais e mais do assunto. Ela entrou para a cia TEN (Teatro Experimental do Negro), começou uma pós-graduação em Matrizes Africanas, na Casa de Cultura Fazenda Roseira – uma antiga fazenda escravocrata da região – e também fez um curso de psicologia voltado ao assunto. Tudo isso resultou em uma personagem que passou de uma mulher ancorada no sofrimento, para uma personagem ancorada na força da mulher negra – diferente das primeiras apresentações de anos atrás: “O amadurecimento e crescer da Bertoleza [com os anos] teve muito a ver com a minha pessoa e por isso acabou nascendo um apego com a personagem… aliás, se algum dia eu tiver que passar ela pra frente, vai ser de uma forma muito carinhosa porque eu considero ela uma das minhas vidas”, completa Lu. 

Essa virada trouxe uma nova identidade para o espetáculo, tratando sobre o feminismo e protagonismo da mulher negra, em meio a situações difíceis como preconceito e racismo. E nesse uso do teatro para falar sobre temas tão espinhosos, Lu acredita que a arte tenha o papel de tocar em questões que as palavras não alcançam: “a mãe de uma das integrantes do elenco nunca tinha visto uma peça de teatro, e quando ela assistiu, ela se emocionou muito… e eu gosto de dar esse exemplo porque ela não é uma pessoa do meio artístico, acadêmico, mas ela conseguiu se conectar com aquela mulher… e é isso que a arte faz”, pontua. 

Em momentos de pandemia, e com a evidência do racismo na sociedade e do crescente movimento Black Lives Metter, Lu analisa a relevância de trazer a pauta à tona: “olha a importância dessa reverberação toda, em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil. A partir disso, praticamente uma revolução se instituiu”.

Bertoleza foi apresentada no SESC Belenzinho até duas semanas antes do isolamento social e rendeu uma boa surpresa à artista: Lu foi eleita novamente atriz revelação, dessa vez pelo, site É Sobre Musicais. E não é pra menos. Além de toda a preparação e envolvimento com a história que misturou Bertoleza e Luana, a jovem atuou e cantou na peça, e, faz questão de comentar, a próxima aventura no campo da música será aprender um instrumento: “eu quero aprender a tocar berimbau”.

Nesse momento, as apresentações de Bertoleza estão canceladas, mas o trabalho não para. Lu continua com seus projetos e a Cia Gargarejo se prepara para o retorno das atividades no futuro e, com sorte, com muitas apresentações de Bertoleza.

 

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Parte da construção e situações que acontecem com a protagonista é relacionada à figura de João Romão, o personagem que, através da sua posição de opressor, traz um lado importante de ser mostrado na história do musical. Por esse motivo, conversamos também com o Bruno Silvério, ator e interprete do personagem. E você pode conferir abaixo:

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Teatro, Bertoleza e a questão étnico-racial

A gente sabe o quanto a arte é importante para o desenvolvimento coletivo da sociedade, contribuindo para cidadania e cooperação. Mas a arte também pode ter um papel muito importante de trazer à tona a discussão de assuntos importantes e difíceis para o todo.  E vamos mostrar um exemplo disso.

A Companhia Gargarejo nasceu em 2014, em Campinas, com o objetivo de abrir o cenário local de teatro – cenário muito influenciado por grupos fechados de teatro nascidos dentro da Universidade de Campinas. A Gargarejo, aberta para todos que quisessem participar, começou fazendo teatro-escola, com a adaptação de obras literárias infantis e para o vestibular, como Vidas Secas, do Graciliano Ramos; O Auto da Barca do Inferno, do Gil Vicente; e O Cortiço, do Aluísio Azevedo. 

Em 2017, depois de uma pausa em Campinas, o grupo recomeçou em São Paulo a missão de levar histórias e, mais do que isso, uma mensagem: “já não bastava mais fazer o que encomendavam da gente, a gente começou a entender qual a nossa identidade, o que a gente queria falar”, diz Anderson Claudir, diretor da Cia Gargarejo. O grupo passou a trazer à tona a questão étnico-racial para dentro das peças, e assim nasceu o musical “Bertoleza”, que foi construído ao longo de cinco anos de trabalho e descobertas de identidade da companhia e dos atores. Bertoleza teve recentemente uma temporada de 12 espetáculos no SESC Belenzinho – com todos os ingressos esgotados.

Nós conversamos com o Anderson e com a Andreia Minczyk, produtora, para falar um pouco sobre o caminho da Gargarejo e a importância do discurso que carregam dentro da sua arte. Confere aí!

Encontrando um caminho: a questão étnico-racial
IMELC Como vocês foram achando o caminho de vocês de falar o que vocês queriam?

Anderson – No nosso trabalho de adaptação das obras, a gente foi percebendo que não queria só fazer uma coisa para os alunos passarem no vestibular. A gente começou a entender a nossa identidade e o que a gente queria falar. Acho que isso foi acontecendo também [a medida que] a gente tinha que adaptar para crianças e adolescentes, porque eles tinham que se interessar e se identificar. A gente quer se comunicar com todo mundo – do público em geral ao crítico.

Andreia – Pra gente não fazia sentido o teatro falar com apenas uma parcela da população. A gente sentiu isso com Bertoleza, muita gente viu e gostou, e os críticos também.

Bertoleza: o musical
IMELC Vocês enfatizam bastante a questão étnico-racial. Como nasceu Bertoleza dentro disso?

Anderson – Nós estávamos adaptando O Cortiço e quando chegamos naquela mulher (Bertoleza), pensamos: precisamos falar sobre ela. Eu, como homem negro, penso nas questões que são importantes para mim. A questão étnico-racial aparecia em outras peças, mas esse foi o momento de focar mesmo. E aí a gente viu que essa história precisava contada por atores negros, dar visibilidade, colocar essas pessoas no palco. Acabamos mudando o elenco e achando um caminho de entendimento do discurso e o quanto era importante falar sobre a mulher negra e o apagamento da população negra. Então pegamos a personagem com aquela história trágica e demos uma outra cara pra ela, transformando em uma protagonista. E isso acabou sendo muito forte em outros trabalhos também.

IMELC Esse é o primeiro musical de vocês?

Anderson – A gente está trabalhando em Bertoleza desde 2015. Nem era para ser um musical [risos]. Eu fui adaptando a obra e escrevendo músicas, mas era para os ensaios de grupo, pra gente cantar junto. Bertoleza vem de várias experiências: apresentamos em festival de cenas curtas, cenas médias, em praça de Campinas, fez leitura, roda de samba… Aí em 2019, um amigo, o Emílio [se tornou coreógrafo do grupo] comentou: vocês estão fazendo um belo musical. Aí quebrou [aquela resistência] e falamos: ok, então vai ser um musical. Pra gente foi importante pesquisar os ritmos brasileiros a partir do século XIX e colocar essa identidade. E na peça todos os atores também tocam e cantam.

Andreia – A gente quis que tivesse uma identidade bastante brasileira. E foi engraçado, uma vez a gente falou: “poxa, tem que ter sanfona… quem quer tocar sanfona?”. De um dia pro outro ficaram ensaiando, ensaiando, ensaiando pra tocar Sanfona.

IMELC E fala um pouquinho da Lu Campos, a protagonista… como foi trabalhar com ela?

Anderson – A Luana é o ser mais maravilhoso do mundo – pode colocar que eu falei isso!  [risos].Ela é de um magnetismo, de força incrível. E ela também passou por um processo de mudança de vida, de se enxergar como mulher negra e a personagem também foi mudando nesse processo da Luana.

Andreia – Não tem o que falar! Ela é uma pessoa incrível que a gente pode contar pra tudo.

 

Pandemia e o futuro
IMELC – Como vocês estão fazendo para driblar esse momento e que vem para o futuro da Cia. Gargarejo?

Anderson – Lá em 2015 quando a gente enxergou a Bertoleza, começamos a enxergar outras mulheres também. A gente tem um projeto chamado O Cortiço por Elas, com cinco peças sobre mulheres [personagens da obra] pra tratar de questões, principalmente étnico-raciais. A próxima peça é sobre Rita Baiana. Então estamos usando esse momento pra escrever a peça, escrever as músicas e para estabelecer o grupo melhor para começar a utilizar as ferramentas digitais também.

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Nossas Histórias – Relação mãe e filha

Nossos stories estão sempre recheados de muitas pinturas, desenhos, mangás dos alunos de desenho do programa Arte e Cultura Barueri e nem sempre a gente imagina o que, de fato, isso significa para os alunos e suas famílias e como a prática artística faz parte do cotidiano familiar. E essa é uma dessas histórias que mostram um pouco de como a arte se mistura com a vida.

A Nicolly tem 12 anos, e é aluna de mangá e caricatura na Gibiteka, ela começou a ter aulas em março, mas a paixão pela pintura e trabalhos manuais já vem da mãe, Lilian: “eu sempre gostei de desenhar, pintar… fiz uma vez aula de artes plásticas e gostei muito, depois nunca mais pude me dedicar a isso”.

A pequena artista entrou para as aulas da professora Paulinha em março, pouco antes de começar a pandemia. Apesar disso, as duas se mantiveram firmes em aprender e se desenvolver nas artes, e investiram em diversos materiais para testar técnicas diferentes, como giz pastel seco, giz pastel oleoso, aquarelas variadas, canetinhas para lettering, lápis de cor com especificações diferentes e até de marcas estrangeiras. “Nossas técnicas favoritas são degradê e aquarela”, diz.

Nessa quarentena, a prática do desenho se tornou parte da rotina diária a que mãe e filha se dedicam após o jantar, durante a semana, e durante as tardes nos fins de semana. Às vezes, o embalo com as obras é tão grande que chegam a ficar de madrugada pintando e desenhando.

Elas não saem de casa desde o dia 17 de março e continuam em contato com a professora e vendo os vídeos para aperfeiçoar o desenho, além de outras atividades que desenvolvem para se manterem entretidas em casa, como quebra-cabeças, jogos, stop, e até brincam de desenhar personagens para o outro adivinhar. “Nós não podemos reclamar, esse momento têm sido muito especial pra unir ainda mais meu filho comigo [21 anos], e a Nicolly [12 anos]. Estamos desenterrando para não enlouquecer dentro de casa.”, conta a mãe. “Nós estamos obedecendo muito o isolamento por amor, queremos preservar as vidas dos nossos parentes e amigos.”, emenda Lilian enquanto fala sobre a importância desse momento para a família.

Todas as atividades são feitas pelo prazer de estarem juntos e melhorar cada vez mais nessa habilidade: “a gente termina rapidinho as coisas em casa para começar a desenhar… eu finjo que sou aluna também. Tem dias que a Nicolly não está afim e eu respeito, mas é difícil ela falar isso.”

Nicolly é muito caprichosa e tem mostrado um talento ímpar para as pinceladas e deixa a mãe orgulhosa. Ela também faz aula de circo nas oficinas. Para Lilian, é muito importante deixá-la bastante envolvida com as artes para ficar com a mente aberta, o corpo desenvolvido.

Abaixo você confere alguns dos desenhos da jovem artista.

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Sonho e empreendedorismo no esporte

Nós da IMELC acreditamos que o valor e crescimento que o esporte traz para sociedade nasce de um ecossistema de valores, empreendedorismo, impacto e fomento. E aí você pode estar pensando assim: mas o que uma marca de roupas esportiva tem a ver com tudo isso? Nós conversamos com o Marcelo Baek, sócio da KVRA, marca de lifestyle e roupas esportivas, para descobrir um pouco sobre empreendedorismo no esporte e suas experiências com a área.

A KVRA nasceu em 2013, depois de Marcelo Baek, mais conhecido hoje como Marcelo KVRA, e Gui Ferraz, DJ e publicitário, se conhecerem em uma academia durante os treinos transformarem um símbolo usado na época pelo DJ, a caveira,  em uma marca. A ideia ganhou forma e também foi abraçada por Marcos Chae, terceiro sócio, a peça que faltava  dessa história de sucesso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marcelo e Gui Ferraz em frente a uma das lojas

Marcelo KVRA era do ramo de confecção de roupas há muitos anos em um negócio de família e já tinha know-how profissional na área. Mas  a vontade de trabalhar com o mundo do esporte falava alto: “eu sempre quis trabalhar com a área de esporte […] eu fui um atleta frustrado, sempre quis ser lutador”.

O que parecia ser uma frustração foi um dos combustíveis para uma ideia que mudou tudo: os kimonos. Apesar de a marca ter começado com bermudas, camisetas, bonés, e a vontade de abraçar vários esportes, o negócio da luta fez a diferença: “o mercado de Jiu-Jitsu estava um pouco engessado, então não dava pra gente entrar sutilmente, tinha que ser com um diferencial”, diz Marcelo. E assim, veio a ideia de fazer os kimonos com caimento slim, novos tecidos e cores chamativas, dando uma cara mais personalizada à vestimenta. E assim, o KVRA explodiu “graças a Deus”, comenta Marcelo com um sorriso orgulhoso.

Ao saber sobre o Crossfit, que chegou com fama negativa na Brasil, Marcelo decidiu começar a praticar a modalidade. A prática e relacionamento com os profissionais referências da área abriram seus olhos para a oportunidade, que foi se tornando mais popular com o tempo no país, e se tornou também um dos carros chefes da KVRA.

KVRAGames 2019 no Estádio do Pacaembu

A marca também encabeça projetos importantes de fomento e participação no esporte. Um deles é o KvraGames, campeonato de Crossfit para praticantes iniciantes a avançados, e que já passou por cidades brasileiras como São Paulo, Belo Horizonte e Recife. A última edição na cidade de São Paulo foi durante a Virada Esportiva 2019 e que levou o campeonato para dentro do estádio do Pacaembu em dois dias cheio de garra, competição e celebração do esporte.

Além desse, a KVRA, também realiza o BJJ League, campeonato de Jiu-Jitsu que promove o esporte para todos que gostam da prática. E apesar de já ter um papel muito importante para visibilidade, fomento das práticas e incentivo, a marca que se autodenomina como cristã, também tem uma vocação de beneficiar jovens atletas de projetos sociais, que podem participar do campeonato e, muitas vezes, ganham até patrocínios. “Nós estamos sempre de olho em novos atletas”, comenta Marcelo.

 

Campeonato BJJLeague de Jiu-Jitsu 

Quando pensamos nas repercussões que o esporte tem na vida, normalmente pensamos sobre valores de colaboração, de saúde e de competição saudável. Mas no meio da nossa conversa, Marcelo nos surpreendeu com um insight simples, mas que mostra um lado muito importante para os negócios de esporte: “[por exemplo] as pessoas que eu conheci quando eu comecei no Jiu-Jitsu, em 1996, hoje são os principais líderes das maiores equipes”, relembra Marcelo. “então esse networking foi fundamental… eu jamais poderia imaginar que geraria esse fruto, na época”, finaliza.

 

Atleta de Crossfit em campeonato KVRAGames

Assim como para todo o mundo de esporte, a pandemia também causou impactos na KVRA. A expansão de ferramentas digitais para o e-commerce precisou ser feita com a nova demanda de distanciamento social e chegou a derrubar o faturamento em 80%. Com revendas no exterior, lojas no Brasil e e-commerce, a recuperação está acontecendo aos poucos. No entanto, o momento também trouxe boas surpresas no mundo digital: “eu já vi pessoas abrindo reuniões virtuais para treinarem juntos, happy hour com um amigo tocando e todo mundo lá… claro, aumentou a presença virtual, mas nós somos seres humanos e precisamos do toque”, reflete Marcelo.

O esporte pode dar outros frutos, não apenas para quem é atleta. Pode ser uma paixão que se torna um negócio, uma fonte de networking, além de trazer benefícios conhecidos como saúde, disciplina, valores.  Uma marca esportiva não precisa só fazer roupas, pode fomentar o esporte, através dos campeonatos.

O esporte pode dar outros frutos, não apenas para quem é atleta. Pode ser uma paixão que se torna um negócio, uma fonte de networking, além de trazer benefícios conhecidos como saúde, disciplina, valores.  Uma marca esportiva não precisa só fazer roupas, pode fomentar o esporte.
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IMELC na quarentena – ajudando a promover arte on-line

A gente tem falado bastante sobre experiências inspiradoras que estão abalando (para o bem) iniciativas de esporte e cultura, principalmente nesse momento de quarentena. E aí pensamos: mas e a nossa experiência de impactar socialmente as pessoas nessa realidade? Pois é! Então vamos te contar nossa parte nisso tudo!

A IMELC – Instituto Movimento ao Esporte Lazer e Cultura, tem dez anos de atuação em promover o acesso da população às atividades esportivas e culturais, porque a gente acredita que essas atividades não são meros passatempos, mas são peças-chave para um aprendizado eficaz, pensamento cidadão crítico e satisfação pessoal, além de serem potencializadores de talentos. E tudo isso gera impacto na vida em sociedade.

Mas como continuar gerando esses impactos separado das pessoas? A resposta é simples: boa vontade, atuação em conjunto e tecnologia.

A entidade faz a gestão do programa Arte e Cultura Barueri, com mais de 6 mil alunos, promovendo em conjunto com a Secretaria de Cultura e Turismo de Barueri, mais de 30 modalidades divididas entre dança, teatro, artes visuais e música. Pensando em continuar a vocação artística do programa, os professores da IMELC junto com a Secretaria de Cultura e Turismo de Barueri tem achado no Youtube uma forma de continuar ensinando as modalidades. Já são mais de 200 videos disponíveis.

 

No começo, ninguém sabia muito bem como fazer o Arte e Cultura Barueri continuar através do digital. O programa sempre teve como um diferencial a experiência viva da arte, com professores engajados e disponíveis para a construção do aprendizado e da convivência diária. Mudar para o digital parecia quase contra intuitivo, mas o trabalho dos professores foi adaptado criando:

1- rotinas de gravações de aulas e conteúdos exclusivos para as redes sociais;

2- desafios que estimulassem a interação dos alunos com os professores;

3- vídeos comemorativos ou temáticos que encorajassem os alunos a treinarem para participar.

E esse trabalho acabou gerando consequências positivas além do aprendizado. Denise Garcia, aluna de zumba das oficinas, conta que as aulas on-line têm ajudado na parte emocional: “as aulas têm sido essenciais para nós porque é o momento que temos para descontrair”. Ela também conta que fazer os exercícios acabou interessando também as filhas: “ano passado, a professora fez uma aula para mães e filhas e as minhas se interessaram pela zumba, agora, em casa, sempre que eu vou fazer aula, elas fazem comigo e ficam super animadas”.

O trabalho acabou se expandindo para além dos tema das aulas, criando uma rede de colaboração e aprendizado (da arte e da vida) entre professores, alunos e funcionários da IMELC que segue firme e forte. Por meio de posts com dicas de receitas, filmes, curiosidades de modalidades, trabalhos de arte e mensagens de carinho, os professores têm compartilhado carinho  e risadas com os alunos e mostrado que aqueles abraços, bate-papo e sorrisos estão guardados para quando tudo voltar ao normal, como conta a professora Rebecca Numa em vídeo na rede: “eu estou morrendo de saudades. Mas daqui a pouco tudo isso passa e a gente volta a se encontrar. Um beijo cheio de saudades”.