Quais as maiores dificuldades da cultura e esporte para o futuro?

O fomento à cultura e ao esporte já não estavam no auge das suas potencialidades, e a pandemia da covid-19 dificultou ainda mais as duas áreas que mais promoviam o contato humano e agregação da comunidade. As coisas estão aos poucos atingindo uma nova normalidade, seja através de protocolos de segurança, de novas formas de fazer as atividades, da presença das propostas culturais e esportivas através do virtual, entre outras possibilidades que trouxeram uma melhora para o dia a dia asséptico e solitário do começo da pandemia.

Apesar de ninguém ter previsões claras e específicas sobre o que vai acontecer, há algumas análises e suspeitas sobre o futuro das áreas.

A Cultura vai morrer?

Estima-se que no Brasil, os prejuízos para a cultura cheguem a R$ 100 bilhões. No entanto, duas situações estão salvando a cultura: a presença digital e o fomento que veio do governo federal, com a lei Aldir Blanc. A verdade é que a situação sugere que a cultura vai precisar continuar se reinventado pelas telas e recebendo apoio, afinal, acredita-se que mesmo com o fim da pandemia, as pessoas não terão condições de consumir cultura devido à situação econômica adversa.

Há uma aposta da indústria na produção de conteúdos digitais, tais como filmes, séries, experimentações artísticas, clubes de leitura on-line e outras iniciativas que manterão o público interessado em determinado artista ou produtor cultural, assim como poderão trazer algum retorno financeiro através das possibilidades de patrocínio e publicidade.

No entanto, é preciso estar atento ao ecossistema da Cultura. Segundo pesquisa do Cedepar, cada cinco profissionais que deixam de trabalhar com cultura afetam um outro profissional de uma área relacionada, o que chega a somar seis desempregados na economia geral. Esse dado sugere que o futuro da cultura ainda vai depender não só das circunstâncias, como das reinvenções. E vamos combinar que a área é mestre em renascer das cinzas.

E o esporte?

Nos esportes as coisas não vão muito diferentes. Apesar de eles terem voltado – ao contrário da cultura – as perdas com a falta de público, publicidade, eventos, acredita-se é de bilhões de reais. Só no futebol, a consultoria EY estimou que só o futebol sofreu uma perda de R$ 1 bilhão esse ano. O esporte que sobrevive em grande parte de patrocínio viveu um corte sistêmico de patrocínios sem previsão de retorno.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, com frequentadores de partidas esportivas, mostrou que 70% não tem a intenção de voltar tão cedo a comparecer presencialmente. Isso é um primeiro indicativo do caminho aberto para a tecnologia, seja através de transmissões e lives.

Uma indústria dentro do esporte que despontou na pandemia, foi a indústria dos esportes eletrônicos que, apesar de não suprirem o aspecto físico do esporte, suprem impactos mais subjetivos como o espírito esportivo, a competição, a torcida. Só para se ter uma ideia, ações da bolsa de valores de empresas de jogos chegaram a aumentar 50% durante a pandemia. Outra aposta da economia esportiva tem sido a individualização dos processos, através de atividades em pequenos grupos e adaptação para prática individual.

Apesar de o mercado estar de volta, as restrições em relação às aglomerações devem ainda provocar reverberações na indústria nos próximos meses.

 

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Nossa grande preocupação em tudo isso é o impacto que a Cultura e o Esporte vão perder na vida da sociedade e isso ainda precisa ser um motivo de discussão social sobre como garantir que tudo continue sendo benéfico física, econômica e mentalmente para todos. Mas, como nos ensinou bem a pandemia, à sociedade cabe paciência e ação.